Uma miniatura da Torre Eiffel na caixinha. Amarela, dourada. Pesadinha.
Repare no papelão amassado/desbotado no topo. E na água que ocupa metade do reloginho na base.
Veio de uma lojinha de presentes. A última grande enchente levou tudo: cartões, bolsinhas com strass, elefantinhos, pulseiras, porta-retratos, corujinhas, agendas, cachorrinhos que sacodem a cabeça, miniaturas.
“Levou” não é o verbo ideal. “Molhou” e “estragou” talvez sejam melhores.
O fato é que não havia mais o que vender, e o dono distribuiu as sobras entre conhecidos e não conhecidos, do tio que mora sozinho ao motorista de aplicativo que aceitou a corrida.
O motorista – talvez por já ter uma minitura de Torre Eiffel em casa, talvez não – deixou o pequeno monumento no balcão da lanchonete de bairro. “Olha, fica pra vocês.”
“Que bonitinha!” Será que o reloginho poderia voltar a funcionar? Valeria trocá-lo?
Não. Resolveram deixar assim mesmo.
O monumento pago mais visitado do mundo era, em sua versão mini e paulistana, uma lembrança do dia em que a água decidira nos avisar (de novo) de que pode tudo.